A CPI dos Combustíveis, presidida pelo deputado Duarte Júnior (PSB), que apura supostas irregularidades envolvendo sucessivos reajustes de preços dos combustíveis, além de fraudes e outros ilícitos, tomou o depoimento, na tarde desta terça-feira (30), em audiência realizada no Plenarinho, da representante da rede de postos Joyce, Rafaely de Jesus Souza Cavalcante, proprietária jurídica de estabelecimentos do gênero em São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar.

Questionada pelos parlamentares, ela se limitou a dizer que é filha adotiva do empresário Josival Cavalcante Souza da Silva, o Pacovan, e que, em 2016, foi instruída por ele para que  “emprestasse” seu nome para o registro das empresas. A testemunha disse que fazia apenas o faturamento de cartões dos postos e que somente Pacovan seria a pessoa indicada para dar explicações sobre a administração e a movimentação financeira da rede de postos.

“Nunca gerenciei nada. Não conheço nada. Apenas trabalhei na central, que era um posto do grupo, que ficava no Angelim. Todo o gerenciamento era por conta do Pacovan”, disse Rafaely.

Ela afirmou, também, que os postos já foram vendidos para pessoas que ela não conhece.
E relatou que, apesar de figurar como proprietária, recebia apenas um salário de R$ 2.500 e que deixou essa função no final de 2019.

Contraditoriamente, a depoente disse que os dois advogados que a acompanhavam nas oitivas eram pagos pelo empresário, em nome da Rede de Postos Joyce.

Durante as investigações, foram constatadas uma série de movimentações suspeitas na rede de Postos Joyce, entre elas, a venda de combustíveis sem a referida comprovação da compra, por meio de notas fiscais.

Votação 

O presidente da CPI, deputado Duarte Junior, colocou em votação e conseguiu a aprovação de requerimento de sua autoria, convocando Pacovan para ser ouvido, como testemunha, na próxima terça-feira (6), às 14h30.

“Essa senhora confessou ser apenas ‘laranja’ do Pacovan e ele será ouvido. Essa CPI foi instalada para desvendar essa rede de irregularidades praticadas por parte de alguns empresários do setor. Não importa se é poderoso ou não”, destacou o parlamentar.

Manifestaram-se, também, os deputados Roberto Costa (MDB), relator da CPI, e Wellington do Curso (PSDB), membro titular. Ambos destacaram a importância de se ouvir Pacovan e enfatizaram que a Comissão, iniciada no dia 15 de março, tem o prazo total de 120 dias para a apresentação do relatório. O deputado Luiz Henrique Lula da Silva também participou.